A declaração é de Iomar Setembrino Lemos ao lembrar a época em que sua vida tomou um novo rumo. E o País também, afinal, era o início
da construção de uma obra que colocou o Brasil na vitrine do planeta. Em 1974 chegaram as primeiras máquinas, e no fim do mesmo ano a infraestrutura para o acampamento dos operários ficou pronta. Iam começar as obras da Itaipu Binacional. E Iomar estava lá, foi testemunha ocular do início da construção de uma das sete maravilhas do mundo moderno. Ele começou a trabalhar na empresa em fevereiro de 1975 e se aposentou em junho de 1992.

Hoje, com 81 anos, Iomar diz que aquilo era uma loucura. ”A gente nem acreditava que a usina ia sair. Itaipu chegou a ter quase 50 mil funcionários, a maioria não
tinha noção da envergadura da obra, mas a organização era tão fantástica que se tornou realidade. Era muito bom trabalhar lá, me emociono só de lembrar”.

Ele conta que a construção da usina também agitou a cidade, transformou Foz numa efervescência, era um burburinho constante.


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Natural de Campos Novos, Santa Catarina, Iomar foi ainda criança para Foz do Iguaçu. Lá cresceu, constituiu família e trabalhava como autônomo. “Era madeireiro, mas quando acabou a madeira fiquei ‘desempregado’, foi quando soube que a Itaipu estava chamando pessoal e fui lá para ver. Negócio fechado. Foi o meu primeiro e único emprego com carteira assinada. Meu crachá era número 61. Éramos em apenas dois funcionários da cidade na empresa, o resto era todo mundo de fora, de outras barragens”, diz ele. E como é uma pessoa simpática e fácil de fazer amizade, Iomar era conhecido por todos. “Viviam me pedindo informação para tudo, meu telefone tocava direto”, diz ele, que fez muitos amigos brasileiros e paraguaios.

MÚLTIPLAS FUNÇÕES
Do tipo “faz tudo”, Iomar começou a trabalhar na área administrativa, no patrimônio da obra, e depois passou para a organização do almoxarifado. “Era muita coisa, tinha mais de 25 mil itens de peças no almoxarifado”, comenta. Mais tarde foi para o setor administrativo do laboratório de concreto e solo, e se aposentou como encarregado de transporte, concluindo assim 38 anos de dedicação e amor ao trabalho.

“Foi gratificante trabalhar em diversos setores da empresa e conviver com tantos colegas, mas no laboratório de solo e concreto foi duplamente especial. Convivi com chefes, Ademar Sonada e Francisco Rodrigues Andreolo, que foram muito importantes na minha vida profissional. Tenho saudade daquele tempo”, relembra.

FIBRA
Iomar também participou do grupo que criou a Fibra e contribui desde o início. “A Fundação é muito importante em nossa vida, temos uma aposentadoria de primeiro
mundo, sem ela eu teria que estar trabalhando até hoje”, diz ele.

REALIZAÇÃO
Perguntado se ainda tem um sonho a ser realizado, Iomar responde: e tem mais alguma coisa para eu realizar? De fato, sua vida está completa. Ele teve cinco filhos, dois são falecidos, tem oito netos e duas bisnetas. É viúvo, mora com uma filha e vive muito bem. É lúcido e bem disposto, tem boa saúde, dirige, viaja, enfim, está curtindo a vida. Assim fica aqui registrada mais uma bela história vivida na Itaipu. Apesar de ser um breve relato, ao ler esta matéria certamente muitos se identificaram e também viajaram no tempo com Iomar.