A palavra inatividade não existe no vocabulário de Nieda Regina Giordani Sessim. Com 62 anos, ela encara com disposição a jornada de oito horas de trabalho como corretora de imóveis. A experiência no setor de vendas e imobiliário foi fundamental na mudança de empresa em novembro do ano passado. “Fiquei apenas três anos sem trabalhar, quando casei aos 21 anos, e nunca mais parei. Não consigo ficar em casa” afirma ela, que complementa o valor da aposentadoria com as comissões provenientes da venda de imóveis novos. De origem árabe, Nieda também transformou o hobby de fazer quibes em mais uma fonte de renda e atende encomendas de amigos para festas.
Nieda faz parte do universo das 527 mil pessoas que vivem a terceira idade em plena atividade no Rio Grande do Sul. O número corresponde a 8,98% da população economicamente ativa do Estado, segundo dados de 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Conquistar um lugar no mercado de trabalho nesta faixa etária, porém, não é tarefa fácil. É preciso manter-se sempre atualizado e não ficar muito tempo afastado da principal atividade profissional, diz a coordenadora de recrutamento e seleção de um empresa de Recursos Humanos de Porto Alegre.
Durante décadas, as pessoas maduras enfrentaram preconceito com relação à idade nos processos
Seletivos, diz outro profissional do setor, Aguinaldo Néri, que mantém um site na internet onde os interessados podem se cadastrar gratuitamente. Segundo ele, aos poucos o mercado começou a perceber algumas competências que melhoram com a idade, como autocontrole, liderança, capacidade de negociação e flexibilidade. Essas características são muito valorizadas no setor de serviços, pois depende de boas relações com o cliente. O trabalhador maduro influencia de forma positiva as equipes de trabalho com seus conhecimentos, avalia Néri.
Para Nieda, a experiência adquirida em 44 anos de trabalho é um diferencial. Nos últimos três anos, ela passou por três imobiliárias. Muita disposição para trabalhar, inclusive em plantões nos finais de semana, contribui para uma nova colocação, associada à freqüência em cursos na área de vendas. Ricardo Munhoz, diretor de um empresa de assessoria em RH, confirma essa tendência de aceitação no mercado de pessoas mais velhas. “Recentemente, uma empresa que presto serviço contratou um profissional de 69 anos como gestor comercial após concorrer com diversos candidatos bem mais jovens” confirma.
O Complexo Hospitalar da Santa Casa, de Porto Alegre, aposta na inserção de profissionais da terceira idade. Atualmente, 82 profissionais com idade acima de 60 anos atuam nas mais diversas áreas. “Nosso processo seletivo prima pelas aptidões profissionais e experiências” destaca Rogério Lersc, responsável pelo Departamento de RH do complexo hospitalar.
Fonte: www.senioridade.com.br