Poucas vezes temos a oportunidade de celebrar o sucesso de um projeto coletivo em prol do bem comum. Assim, temos muito a comemorar nestes 25 anos de FIBRA, pois ela representa o sucesso do esforço coletivo, de milhares de participantes, de ITAIPU, dos profissionais da FIBRA, de seus gerentes, diretores e conselheiros, todos em prol do bem comum, buscando assegurar tranquilidade, segurança e qualidade de vida.
Na Fibra, este sucesso foi construído por um modelo de governança que prioriza a participação de todos, e conseguimos superar a equivocada concepção de que aquilo que é comum não pertence a ninguém. Aqui, na Fibra, aquilo que é comum deve ser zelado exatamente porque não nos pertence, mas pertence a todos, e nossa administração é pautada por este princípio fundamental.
Quando a Fibra foi criada, 25 anos atrás, vivíamos uma realidade diferente. O Brasil recém havia restaurado sua democracia. O muro de Berlim permanecia em pé, e a União Soviética ainda existia e era presidida por Mikhail Gorbatchov. O papa era o polonês João Paulo II. O presidente americano era o Ronald Reagan, Thatcher era a primeira ministra britânica, e Lady Di ainda era casada com o príncipe Charles. O Brasil convivia com a hiperinflação, a moeda era o combalido cruzado, que não resistiu nem mesmo com o apoio dos fiscais do Sarney.
Lula estava ainda no início de seu primeiro mandato como deputado, Collor ainda era um caçador de marajás em Alagoas, e o Brasil assistia à promulgação de sua “Constituição Cidadã”. Hermes Macedo e Bamerindus ainda figuravam entre os grandes grupos econômicos do Paraná. A internet estava surgindo no Brasil (existia vida antes da INTERNET), e ITAIPU encerrou 1988 com 12 unidades e 38 mil GWh produzidos.
Naquele contexto do final dos anos 80, a ousadia da criação da Fibra deve ser enaltecida. Muitos profissionais contribuíram para esta iniciativa, e não vou nominar individualmente ninguém para não cometer injustiças, mas, ao reconhecer a liderança do então diretor geral Ney Braga neste processo, estendo o reconhecimento a todos que o assessoraram, e aos dirigentes e conselheiros que nos antecederam na gestão da Fibra.
A história da Fibra nestes 25 anos também foi marcada por desafios, crises e superações. Neste período saiu da condição de uma jovem anônima para se tornar uma fundação sólida e respeitada por seus participantes, por ITAIPU e pelo mercado. A Fibra é hoje reconhecida pela excelência técnica e pelos elevados padrões de qualidade e de governança que adota, e somos parada obrigatória quando alguém no Brasil discute modelos de gestão em previdência complementar.
No mesmo dia em que a Fibra comemora seus 25 anos de vida, eu também estou aniversariando. Hoje comemoro 16 anos em que componho a diretoria desta fundação, para onde tive o privilégio de ser convidado pelo Dr. Scalco em abril de 1997, e para onde tive a honra de ser conduzido à superintendência pelo Dr. Samek, em abril de 2006. A eles, meu muito obrigado.
Por isso, falar dos desafios que a Fibra enfrentou é para mim muito familiar, pois se parece com os desafios que eu próprio enfrentei. Recordo-me do ano de 1997 quando, recentemente empossado, passei noites sem dormir diante da impressionante queda do mercado acionário, que por duas vezes teve o circuit-breaker acionado. Senti e sofri os efeitos das crises da Ásia, da Rússia, da Turquia, da Argentina, do Brasil, do subprime americano, da Europa, entre outras tantas.
Vi instituições respeitadas como o Lehman Brothers quebrar, e lembro-me do dia em que observei incrédulo que o valor total do poderoso Citibank na bolsa de valores era inferior ao patrimônio da Fibra.
Neste período, em que perdi muitos cabelos, ganhei muitos quilos e comecei a branquear minha barba, a Fibra saiu de pouco mais de 400 assistidos para quase 1500 assistidos, com uma folha de pagamento mensal de mais de R$ 11 milhões em benefícios, aproximando-se do valor da folha de pagamento de ITAIPU. Saímos de um patrimônio próximo a R$ 200 milhões para quase R$ 3 bilhões de reais, se contabilizarmos o valor real dos títulos federais em carteira. Pagamos R$ 126 milhões em benefícios em 2012, o dobro do que recebemos de contribuições, e encerramos o ano com uma rentabilidade acumulada de 24%, e um superávit de R$ 59 milhões.
Neste período implantamos um novo modelo de governança, que priorizou a transparência, a qualidade, a excelência técnica e o respeito aos participantes. Criamos o Comitê de Investimentos, e incluímos representantes dos empregados e ativos e assistidos nos diversos colegiados, atingindo agora a condição paritária.
Promovemos inúmeras revisões do regulamento e do estatuto da Fibra, introduzindo medidas que reforçaram a segurança do plano e a proteção do patrimônio coletivo.
A busca incansável pela excelência nestes anos se deu por um modelo de gestão fundamentado no planejamento estratégico, de longo prazo, integrado com a gestão da qualidade da rotina, certificada no padrão ISO 9000. Promovemos também o alinhamento da estratégia da Fibra com os incentivos remuneratórios aos colaboradores, que recebem sua PLR em função de metas e resultados definidos.
Nossa gestão também vem sendo marcada por um tema sobre o qual falamos pouco, mas agimos muito: a equidade do gênero. Exatamente no dia de hoje, de forma coincidente, porém simbólica, mais duas mulheres passam a compor nosso quadro (Carol, atuária e Cris, secretária), e uma mulher assume hoje a gerência de um departamento (Bernadete). Com isto, a Fibra atinge o percentual de 44% do quadro composto por mulheres, e 43% do quadro gerencial da Fibra é feminino, sem falar da presença de mulheres na diretoria e nos conselhos. Fazemos isto não como um favor às mulheres, mas como um justo reconhecimento à competência e à contribuição que elas dão para a operação e a gestão da Fibra.
Mas olhar só para os bons resultados passados, num mundo dinâmico e instável como este em que vivemos, não garante nosso futuro. Precisamos estar atentos para que nosso sucesso no passado não bloqueie nossa visão de futuro. E os desafios futuros não são poucos. Pressionado pela redução dos juros e pelo aumento de longevidade, o modelo do plano de benefícios da Fibra instituído em 1988 é um sobrevivente no sistema de previdência complementar brasileiro. Nos próximos anos passaremos por nossa prova de fogo, que exigirá reflexões e ajustes para assegurar a sustentabilidade e o equilíbrio de longo prazo.
Importante, neste momento, reconhecer o trabalho dos colaboradores da Fibra. Sim, porque são eles que estão na execução diária das estratégias definidas, dos projetos, do atendimento ao participante, das análises e dos pareceres. Peço aos colaboradores da Fibra que se identifiquem, e, neste momento, os saúdo com o reconhecimento e os aplausos de todos os presentes.
Falar da boa governança da Fibra é impossível sem mencionar a atuação dos membros eleitos e nomeados do conselho deliberativo, conselho fiscal e comitê de investimento, a quem agradeço nas figuras de seus presidentes, João Emílio, João Ferrer e Márcia. A atuação independente e dedicada destes colegiados tem contribuído decisivamente para a gestão da Fibra, com sugestões, apoio e críticas quando necessário.
Agradeço também às entidades sindicais que, mantendo sua independência e objetivos de representação, demonstram compreensão e apoio às iniciativas da Fibra voltadas para a proteção do patrimônio e interesse coletivos.
Não posso deixar de reconhecer meus colegas de diretoria, Denyse e Florício, por compartilhar comigo dos valores, projetos, preocupações e realizações da Fibra. Não foram poucas as vezes em que sofremos juntos e nos preocupamos juntos, e mais do que justo que hoje também comemoremos juntos.
Reconheço aqui também o apoio e o compromisso incondicional de ITAIPU, presidida pelo Dr. Samek, em relação à gestão técnica e transparente adotada pela Fibra. Sei que nem todas as patrocinadoras têm o mesmo respeito por seu fundo de pensão. Por isso, Dr. Samek, em meu nome e de todos os participantes da Fibra, registro nosso agradecimento por sua liderança, e estendo este agradecimento aos demais diretores de ITAIPU aqui presentes.
Quero encerrar meu discurso fazendo alusão a um evento marcante e simbólico ocorrido neste ano de 2012, quando tivemos a oportunidade de comemorar o aniversário de 100 anos da Dona Cecília, nossa pensionista mais idosa, na companhia de Ezequiel, o participante mais novo da Fibra, com apenas 20 anos de idade. Naquele momento pudemos ver e sentir, na prática, a dimensão temporal e humana da responsabilidade que envolve a gestão da Fibra.
Muitos de nós dependeremos, em nossa velhice, exclusivamente da Fibra para nossa qualidade de vida, e não temos nenhum plano B. Assim, não temos o direito de falhar. Todos os esforços, números, projetos, estratégias da Fibra têm uma razão de ser. E esta razão de ser está aqui, são vocês, os participantes ativos e assistidos de nossa fundação, exemplificados pela Dona Cecília, que representa nosso compromisso com o presente, e pelo Ezequiel, que representa nosso compromisso com o futuro.
Se, neste aniversário de 25 anos, vocês quiserem dar algum presente para a Fibra, que seja a participação ativa nos seus rumos, pois aqui, entre vocês, estão os futuros conselheiros e diretores da Fibra, com os quais nós precisaremos contar para a continuidade deste bem sucedido empreendimento coletivo voltado para o bem comum de todos nós.
 

Parabéns à nossa Fibra.

Assista aqui o vídeo dos Participantes Assistidos em comemoração aos 25 anos da Fibra.