A entrevista sobre perspectivas para 2017 e o papel da Fibra nesse contexto ganhou outra direção. Ao falar sobre esse tema o Diretor-superintendente da Fundação, Silvio Rangel, trouxe uma questão mais oportuna. Um chamamento à natureza solidária, afável e humana. Um tema que nos conduz à reflexão se queremos que o futuro
seja um lugar melhor.
Para ele, o principal desafio que estamos vivendo, não no Brasil, mas no mundo, está relacionado à instabilidade das relações sociais, instigada pelo aumento da velocidade da informação e a diminuição da qualidade da informação. Em sua opinião, “a interação digital aproxima o que está longe e afasta o que está perto, um paradoxo que gera oportunidades e riscos”.
BOM E RUIM
Para Rangel, “aproximar o que está longe é bom, por exemplo, quando colocamos avós em contatos com familiares que moram longe, quando aproximamos a relação familiar em grupos de whattsapp, facebook ou outros, permitindo-nos comemorar as vitórias uns dos outros. Por outro lado, aproximar o que está longe é muito ruim quando trazemos para dentro de nossas casas influências negativas, mentiras e tantas outras possibilidades deste vasto mundo digital”.
Da mesma forma, complementa, “afastar o que está perto quase nunca é bom, salvo quando diante de uma situação de crise o apoio de longe nos traga consolo. Mas afastar quem está perto pode ser muito ruim (e normalmente é), quando isto é uma fuga, quando afastamos nossos familiares da convivência diária, do abraço, da troca de ideias”.
MAIS ABRAÇOS
No mundo digital posições veementes são postadas sem pensar nas consequências, sem preocupar-se se aquele conteúdo ofenderá alguém, sem verificar se é verídico...
Como diz Rangel, “protegidos pela impessoalidade digital, primeiro nos tornamos capazes de escrever coisas que não falaríamos se estivéssemos à frente das pessoas, ou então escrevemos de forma dura e intolerante algo que, na presença de outros, falaríamos de forma mais amena. Esta intolerância digital está sendo
trazida para o mundo real. Depois de passar a escrever de forma intolerante, passamos também a falar e a agir dessa forma”. E para finalizar, ele deixa um recado: “meu desejo é que neste Natal possamos deixar um pouco de lado os celulares e vivenciar um pouco mais nossos lares. Menos selfies festivos e mais abraços amigos. Afinal, o que importa não é a foto que ficará na memória do celular, mas a marca que ficará no coração de cada um”.